sábado, 17 de julho de 2010

O prazer da vida


  Hoje acordei sentindo-me estranha, meio tonta e atordoada. Lembro-me que tive um sonho estranho, um mesmo sonho, repetidas vezes, mas não sei por que, não consigo lembrar-me do mesmo. 
  Levantei-me, tomei um banho esperando com esse relaxar, fui a cozinha, ninguém havia acordado, peguei uma maçã, comi-a. Voltei e terminei de arrumar-me. Fui ao quarto, peguei na minha estante um caderno e meu estojo, arranquei uma folha e escrevi: "Fui à praça, voltarei logo.", Deixei o bilhete sobre a mesa, peguei a chave e sai. 
  Durante todo o caminho fui pensando em por que o mundo é tão complexo e em por que estava sentindo-me tão diferente hoje, por que as coisas eram sempre difíceis pra mim, questionava os motivos.
  Cheguei à praça, algumas pessoas faziam caminhada, outras brincavam com seus filhos no parque, alguns sentados, conversavam. Sentei e encostei-me em uma árvore, abri o caderno, peguei uma caneta, parei para pensar em algo à escrever.
  Fitei todos a minha volta, após alguns segundos parei meu olhar em algumas pessoas mal vestidas, aparentemente uma família, os filhos mexiam e remexiam um cesto de lixo, os pais, um pouco mais distantes, procuravam algo em outro lixeiro da praça, algumas vezes observou que tiravam garrafas e colocavam-nas em um carrinho, as vezes as crianças parava com o 'trabalho' e afastavam-se para brincar no parque. Enquanto essas pessoas com vidas difíceis se esforçavam em um domingo de manhã cedo, com seus filhos, algumas crianças choravam aos pés dos pais por um brinquedo novo que ainda não tinham.
  Voltei o olhar para a primeira família, eles felizes, sorriam e conversavam com seus filhos. Enquanto andavam, o homem abaixou-se e pegou algo o chão, falou com a mulher, essa parou, os filhos ficaram juntos dela, aquele saiu, e foi até uma padaria que se localizava do outro lado da rua, demorou algum tempo, saiu de lá com algo comestível, chamou a família, sentaram-se à grama e comeram, dividindo cada pedaço igualmente. Após isso, as crianças foram ao parque e passaram algum tempo brincando, os pais levantaram-se da grama, e os filhos foram até eles. Foram embora.
  Quando não pude mais vê-los, apoiei a caneta e comecei a escrever. Ao terminar o texto, levantei-me, sorri, caminhei em direcção a minha casa sabendo agora que nem tudo é tão simples e que é a dificuldade que deixa cada pequena ou grande coisa, sempre mais prazerosa.

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